segunda-feira, 11 de junho de 2018

Os prazeres do Don Juan



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Fonte: Google


Teste: Ele está apaixonado?

Dos remotos contos de fadas até os dias atuais, as pessoas sonham e/ou buscam alcançar grandes realizações, sobretudo no campo emocional, afetivo. E então, remete-nos as várias reflexões, arguições e questionamentos acerca do assunto, tais como: É possível encontrar alguém pela qual justificará a efetiva expressão: "Sou feliz"!? Ou seria pelo encontro com a denominada "alma gêmea", "cara-metade ou "metade da laranja" para a completa satisfação do indivíduo? O poeta e escritor português, Fernando Pessoa, já afirmava:

"Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um"
  
Os sonhos e fantasias estão mais presentes no imaginário feminino, mas nada impede que estejam presentes em ambos os gêneros. Afinal, quem nunca idealizou  A Bela Adormecida; sendo despertada após um longo beijo, Cinderela ou o próprio Príncipe Encantado de alguém? O fato é que todos, indistintamente, buscam preencher as lacunas do seu interior com o fito de se sentirem felizes e/ou realizados. Certamente, os contos de fadas e as lendas nos remetem positivamente as indagações e, consequentemente, as respostas.

Contudo, apesar de desejosos, não raras as vezes, depara-se com queixas, lamentações e desatinos atribuídos a essa desenfreada procura fictícia ou factual. E, então, encontros, desencontros, reencontros, desencantos ou mesmo frustrações ao se perceber como a "abóbora" do conto infantil, bem antes das últimas badaladas como anúncio de um sonho não realizado ou prenúncio e expectativas de novos a partir de outras oportunidades. Afinal, como dizia o humorista Chico Anysio: "A realidade é a ficção que não deu certo", muito embora o jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues já parafraseasse o real e o imaginário.

Na sociedade destacou-se grandes romances pelos seus pares - ou seriam triângulos? A partir dos seus protagonistas históricos, mitológicos ou reais, a saber:

Menelau e Helena ou seria Helena e Páris? Napoleão e Joséphine ou seria Napoleão e Pauline Bellisle Foures? Júlio César e Cleópatra ou seria Cleópatra e Marco Antônio? D. Pedro I e D. Leopoldina ou seria D. Pedro I e Domitila de Castro, D. João VI e Carlota Joaquina ou seria Carlota Joaquina e ... ? Enfim, brincadeiras, ilações, devaneios e contextos a parte, mas os comportamentos justificam as personalidades, seja pelo imaginário ou realidade, movidos por sentimentos ou quaisquer outros interesses,  vai saber!

O poeta Vinicius de Moraes já escrevia: "É impossível ser feliz sozinho", mas como ser feliz se só um estiver desejoso? Bem, difícil responder. Para que haja felicidade recíproca, pressupõem-se existir pelo menos duas pessoas. Muitos preferem não arriscar. "Antes só que mal acompanhado", dizem os mais céticos!

E como compreender a máxima do gostar primeiro de si para depois gostar do outro? Bem, resguardando a devida proporção e razoabilidade neste contexto, torna-se fundamental que se queira primeiramente para depois o (s) outro (s), porém, genericamente, não se apresenta tão fácil assim, senão, vejamos:

Tomando por base a história do lendário Don Juan (de Marco) ou Don Giovanni como também é conhecido a partir dos livros, peças de teatro, filmes, óperas e em razão do comportamento do jovem sedutor que conquista as mulheres para em seguida abandoná-las, e com essa atitude a fugir do compromisso e/ou da dependência do amor que o envolve, cuida, protege, mas que para ele, escraviza e vulnerabiliza o indivíduo.

Parece paradoxal ou controverso, mas a história do comportamento desse personagem encontra escopo na análise de Sigmund Freud e do psicólogo suíço Carl Gustav Jung. Para o segundo, ele, teria um complexo materno que o impedia de libertar-se da dependência juvenil, visto que sua mãe justificava suas ações e mediava seus desejos, impedindo-o da independência natural, razoável, autônoma e objetivada quando da transição para a fase adulta. Como assim? Freud afirmava que o primeiro amor de um homem é a sua mãe, logo, necessário que esse "amor" se rompa ainda na adolescência, e seja ladeado com o de outra mulher e figura na de uma pretensa companheira.

Seria, então, Don Juan um doente? Bem, nada é tão ruim que não possa piorar, ou melhor, diagnosticar! Para Carl Jung, o lendário tem como característica a arrogância, a vaidade, se considera um grande amante, sedutor, galã e se sente melhor que os demais. O comum é se mostrar narcisista - paixão por si mesmo - pois não respeita os sentimentos dos outros, atribui muitos defeitos as mulheres com as quais se relaciona, não gosta de ser dominado, ao contrário, gosta dos desafios na conquista - quanto mais difícil, melhor - e o comum é se mostrar cruel ao abandoná-las, todavia  esconde um grande e verdadeiro complexo de inferioridade.

O interessante é que nesse tipo de comportamento, o indivíduo sente satisfação em deixar a sua "vítima" completamente apaixonada e o mais comum, a posteriori, é que faça alguma coisa para que esta o abandone. Assim, não terá e/ou sentirá nenhum remorso pelo fim do relacionamento, tampouco carregará consigo algum trauma pelo desfazimento da relação.

Ademais, para os estudiosos dos comportamentos humanos, esse tipo de indivíduo procurará incessantemente a figura perfeita, ideal e irretocável da sua mãe entre outras tantas mulheres, apresentando sintomas nitidamente de desajustes, psicopatia e/ou pouco condizentes que, em regra, o desviará da felicidade compartilhada dos verdadeiramente apaixonados.

Isso torna compreensível pela fundamentação teórica dos estudiosos e especialistas, quando se observa o processo da sedução desenvolvido por alguns indivíduos, assim como o sentimento de abandono, rejeição, vergonha e culpa, desenvolvidos por quem já vivenciou relacionamentos com alguém com essas características, eis que o natural esperado é o cuidar, zelar e preservar o que se conquista, e, logicamente, ama.

Na mesma linha de raciocínio, torna-se compreensível que tais comportamentos desemboquem noutros ainda mais complexos como os hodiernamente relatados de indivíduos que conquistam e seduzem mulheres, sobretudo em conhecidos sites de relacionamentos para lograrem vantagens, inclusive com extorsões e/ou suas equivalências culminando, em muitos casos, em violência muito maior, se é possível sopesar escalada, grau de prejuízo.

Em regra, terminam a sua vida literalmente sozinhos ou quando procuram alguém para se casar, o faz  com alguém com poucas afinidades, acompanhado de várias amantes e, preferencialmente, todas de nível cultural inferior para justificar o seu comportamento frio, egoístico, autossuficiente ou pela ausência de quaisquer sentimento altruísta em relação as suas parceiras, num único prazer: A conquista.

Assim, na dinâmica da vida, seguem...
vazios, ocos de afeto!
E então, consegue identificá-lo?

E mais:

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