terça-feira, 29 de abril de 2014

Páginas maculadas


Grande tem sido a perplexidade de alguns segmentos sociais, notadamente o da Educação, sobretudo na formação integral dos seus agentes e pacientes, tendo como base o respeito mútuo entre todos, os valores individuais e coletivos em prol da cidadania. Formação e locupletação dos individuos credores de direitos, mas, sobretudo cumpridores das obrigações - Direitos e deveres em sociedade sem distinção.

E, logo, vem a indagação: Mas, como diferenciá-los! Quem deve vir primeiro? Simples, usa-se o método das partidas dobradas, lógica contábil: "Para cada débito, haverá um crédito correspondente e de igual valor" e vice-versa. Assim "O direito de um começa quando acaba o do outro", afirma a máxima que deve prevalecer em sociedade. Afinal, sem nenhum trocadilho, a ordem não deve alterá-los. Apesar de alguns insistirem somente pelos bônus; desprezando o respectivo ônus. E para este aplicá-se a regra geral - sem nenhum privilégio.

O ser humano é complexo. Cada um age e reage segundo os seus interesses. Na verdade, tornou-se a grande estratégia da sobrevivência individualista e pré-histórica da "Lei do mais forte" socialmente conivente. O grande visionário já afirmava: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". Para isso, necessário administrá-la da melhor forma todos os atos do grande espetáculo que é a vida. Do contrário, as consequências não serão tão previsíveis e/ou agradáveis como nas de uma apresentação teatral.

Diuturnamente, a sociedade convive com casos de violência, objeto de análise, reflexão, discussão entre todos, já que se mostra proporcional ao crescimento e cenário mundial. Neste sentido, o Brasil já figura nas principais páginas de alguns jornais internacionais. Discute-se as fragilidades das leis, descasos com a saúde, falta de segurança, pseudos direitos, sobretudo das vítimas, haja visto os Acordos e Tratados Internacionais, que se tem conhecimento, e dos quais o pais é signatário.

Estatisticas, midia e imprensa indicam que no Brasil se mata por um par de tênis, roupa de marca, celular, bagatela emprestada; e não paga a tempo e modo etc. Sequestram, usurpam, cerceiam os direitos mais elementares dos indivíduos - como o de viver! Deprendam bens públicos, atacam ônibus, assaltam pessoas, traficam. Até incendeiam pessoas! Provavelmente em razão da impunidade, fragilidade das instituições, instituídos, pseudo-representados, talvez! A quem interessa um em detrimento do outro? A tendência é a banalização.

Aliás, este é o assunto objeto das discussões nas redes sociais, jornais e noticiários locais senão pelo país afora, é se determinado candidato deve ou não assumir cargo público a que logrou êxito - Concurso da Polícia Civil de Brasília - conquanto haja relevante restrição moral, social e de adequação ao exercício funcional. Coincidentemente, mês em que se remonta anos outrora dos fatos margeados pela violência em que o pretenso candidato, ainda menor, ceifou a vida do índio pataxó, Galdino de Jesus dos Santos, a título de brincadeira, mera "diversão" de jovens, juntamente com outros colegas.

De igual modo, quão responsáveis os algozes da criança de 11 anos, assassinada em cidade ao norte do Rio Grande do Sul, cujo pai, madastra e amiga do casal são apontados como principais suspeitos. Há quem aponte o Estado e seus representantes legais como co-responsáveis, já que tinham o dever de proteger, negligenciando nos procedimentos estampados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - o da proteção integral. Assim diz o direito. No caso, o dela, criança!

Não diferente também o dele - o índio! Pela sua condição e vulnerabilidade quando em visita a Capital Federal, ocasião das homenagens pelo seu dia, cultura diversa e adversa de raiz na formação do país. Alvo de jovens sem qualquer senso moral, espiritual ou religioso. Presa fácil para alguém que só queria "brincar" com fogo ou se divertir com um morador de rua. Qual direito lhe foi assegurado? O de dormir ao relento num banco de parada de ônibus, já que não lograra êxito de retorno à pensão naquela fatídica madrugada.

Diagnóstico e o tratamento, interpretação e procedimento proporcionalmente desiguais aos casos e relatos. Porquanto, defenda-se a reintegração, ressocialização, adequadação e direitos humanos, afinal satisfez as obrigações impostas, e, portanto, conquistou o direito. Contudo, devido para todos eis que também carecem sistematicamente do direito e da proteção. Haverá, a tempo e modo, para os demais outra (s) oportunidade (s) e/ou recomposição, sobretudo da vítima? Certamente, nada!

Cediço é que todos têm obrigações e direitos. Até mesmo os algozes de outrem senão suas vítimas. O direito a vida, bem maior a ser tutelado e respeitado pelo Estado. De outro modo, o direito de um se sobrepõe ao do outro, desproporcionalmente, ou será na base do "Salve-se quem puder"? Deste modo, permanecerá a lei do mais forte ou melhor posicionado, socialmente.

Resta-nos senão a reflexão: "Nem tudo que é legal, é moral". A proporção deve ser (re) dimensionada num e noutro (s) caso (s), diz o princípio do bom direito e da igualdade social entre os pares. O contrário, grande injustiça social!

Pense nisso!



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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Alicerces sociais

O assunto em comento nas redes sociais, seguidas por jornais, revistas, noticiários, entre outros, é o tema filosófico aplicado em avaliação por professor da Rede Pública de Ensino e sua cátedra. A polêmica deu margem a muitos questionamentos e oportunos debates, sobretudo quando o tema envolve a Educação e suas variáves pedagógicas.

O deslinde girou em torno de uma das questões de prova em que o professor, utilizando-se da letra de um gênero musical (Funk), teria dado conotação diversa "em tese" da "politicamente" esperada. A questão trazia fragmentos da letra funk como possíveis respostas que daria sentido/complemento ao pensamento filosófico em análise. Do mesmo modo, conferido a funkeira (Valesca Popozuda) o título de "grande pensadora contemporânea".

Para o professor de Filosofia (A. Kubitscheck) que elaborou a prova, a atitude não teve a intenção de provocar discussões sobre métodos educacionais, mas a atuação da imprensa, e se ela daria destaque às atividades escolares em seus vários momentos, seja estes positivos ou negativos. "Tivemos um debate eu sala de aula sobre a formação moral, a formação dos alunos, e veio a discussão de como a imprensa participa desses valores que vão surgindo. Isso gerou polêmica, e resolvi testar. Há 15 dias tivemos uma exposição fotográfica com fotos tiradas pelos alunos, e a imprensa não veio participar. Resolvi então colocar na minha prova uma questão que gerasse polêmica e chegasse na rede social, que ai, em algum momento, um órgão da imprensa iria pegar", relata. A grande repercussão sobre o assunto demonstrou que "estamos diante de uma imprensa sensacionalista, pouco ou quase nada interessada com a boa formação do indivíduo", complementa.

Indagações e pontos de vista eclodiram como verdadeiro bombardeio na mídia e imprensa brasileira - sabe-se lá até de outras - a tamanha repercussão. Pessoas a favor, outras contras, especialistas e pedagogos. Pais que não vislumbram ou desconhecem seus filhos aprendendo assuntos "inúteis" na escola - quiçá, o que aprendem fora dela - críticas diversas e adversas. Alunos dispersos, tampouco, compreendendo as razões, reações, reflexões... Muitos até alegam desconhecê-las! É, funk e funkeira! E o sistema educacional conclama, em regra, seus professores a trabalharem "Textos e Contextos", interdisciplinarizando-os a realidade do aluno.

Na mesma expectativa, tem-se os concursos públicos, vestibulares das faculdades e universidades no país explorando textos em seus certames, intelectuais, pensadores e pensamentos filosóficos, estrofes e/ou fragmentos vários, selecionando candidatos, pretensos e/ou futuros profissionais. Há bem pouco tempo, objeto de avaliação e teste, um determinado concurso cobrou o nome de um certo "Rei do Camarote"! Como!? A questão também foi polemizada. Outra, o nome verdadeiro de dupla sertaneja de raiz. Mas, alguém ergueu a bandeira e disparou: "Tudo bem, mas e o título concedido a funkeira"? Como assim? A pergunta que não quer calar: Por que não? Seriam "Pensadores" os déspotas esclarecidos, iluministas, europeus revolucionários e seus seguidores, estudados na História Geral? Então, sob esta ótica, a educação ficaria engessada. O conhecimento, restrito, limitado.

A Filosofia, pela complexidade e amplitude dos conceitos, e matriz curricular destinada ao ensino-aprendizagem, tem por mola mestra a provocação e a reflexão. E outro, "mais entendido", insiste: "Mas, ele poderia estender o assunto em sala de aula sem explorar na prova" ou "Não foi conveniente para ele". Como assim? Certamente, academia e prova estão intrínsecas, e, portanto, apropriadas à produção do conhecimento. No passado, restritos pelo pouco acesso da população à informação e cerceamento pelo sistema vigente (Antigo Regime/Absolutismo).

A sala de aula reflete a vivência, convivência e experiências do individuo em comunidade, não cabendo ao profissional da educação pública ou privada fazer inferências e distinções particularizadas/privadas. A vontade e a mudança não pode ser manipulada. Para ele, cabe apenas administrá-las pedagogicamente e em conformidade com as leis.

Hodiernamente, a academia carece trabalhar temas diversos, abrangentes, atuais, bem como a muldisciplinaridade, interdisciplinaridade, contextualização. Afinal, a Era da Globalização já se instalou e quando o aluno chega à escola já viu, ouviu ou experimentou de tudo ou pelo menos de muita coisa, e, em alguns casos, até já oportunizou algumas escolhas. Cabe ao professor mediar pedagogicamente entre o clássico e o extravagante.

Ora, num Estado Democrático de direito em que se privilegia a liberdade de pensamento e de expressão, não cabe fazer acepções, diferenciações ou distinções de qualquer natureza, já que os jovens têm acesso a tudo. E, no caso em baila, não há mais espaço para preconceitos, discriminações de qualquer espécie (gênero, pessoa ou classe social). Contudo, a sociedade só demonstra quão conservadora e hipócrita ainda continua, não aceitando sequer analogia e diversidade do conhecimento eis que certamente não estranharia se lá, na questão, contivesse algo de Platão, Sócrates, Aristóteles, Michel Foucault ou mesmo clássicos da música popular brasileira.

Aliás, neste sentido, a resposta da funkeira veio de imediato, com a ironia de quem sabe o que diz - ou pelo menos sabedoria de vida - para surpresa de muitos que negaram-lhe o título de pensadora contemporânea: [...] "Vou ali um ler Machado de Assis e ir treinando pra quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite", finalizou. Pela resposta, uma coisa é certa: ela tem percepção contextual. Isso, ninguém pode negar-lhe!

O objetivo foi alcançado. O diagnóstico e o remédio, prescritos. A cura ou a letalidade só o tempo demonstrará. Num país, onde a Educação não é priorizada ou mesmo outros mais elementares direitos, constitucionalmente consagrados, não se poderia esperar muito. A provocação do pensamento reflexivo torna-se de fundamental importância. A resposta esperada pelo professor não poderia ser diferente, e ele sabe disso, afinal, ainda falta muito para todos, porém, a Escola e professores pelo papel que desempenham em sociedade, assim como qualquer pessoa que produz conhecimentos merecem, no mínimo, o respeito de todos.

Há espaço para todos, por mais esdrúxulo que possa parecer. E como tão bem conceituou o filósofo francês, 1596/1650, René Descartes, "Penso, logo existo".

Fica a dica!


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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Cargo ou encargo: Pai, Mãe, Responsável

Filho (s), tutelado(s), curatelado(s)

Você acompanha o desempenho do filho, tutelado e/ou curatelado. Acredita que faz a sua parte no crescimento e desenvolvimento material, físico, mental e intelectual dele (s), entretanto, alguns problemas surgem com a sua educação ao longo do ano letivo, mas que requerem soluções rápidas, sob pena de fracasso, evasão escolar, falta de estimulo, etc. Chega a ser até um desafio em razão de tantas atribuições. Comum é observar pais e/ou responsáveis, a cada final de ano, desesperados porque o filho ou seu representado está na iminência de recuperação, ou literalmente, da reprovação. E, ao final, todos frustrados pelo ano mal acompanhado, senão, indiscutivelmente perdido!
Pergunta-se: Você costuma ir regularmente as reuniões de pais e mestres? Conhece todos e/ou pelo menos parte dos professores do seu filho? Sabe das tarefas escolares, tais como as atividades diárias de cada componente curricular, pesquisas e apresentações de trabalho, provas e/ou passíveis recuperações? Conhece o funcionamento da escola, Projeto Político Pedagógico, Projetos Interdisciplinares e/ou Extracurriculares que envolvem todos no processo ensino-apredizagem do seu filho? Quantidade de aulas e/ou horários, reposições de aulas em razão de paralisações ou de outras manifestações da categoria? Conhece o calendário escolar? Saberia dizer quantos dias letivos são ministrados e quantas faltas são facultadas ao seu filho? Cumpre o seu papel de pais e/ou responsável, integralmente?
Lembre-se: Dificilmente o aluno não tenha tarefas escolares, regulares, em razão das matrizes curriculares - Matemática, Portugues, História, Ciências, Geografia, Artes,  Inglês, entre outras. Se a tarefa não está no caderno ou no livro didático certamente tem-se que pesquisa algum assunto, elaborar síntese, redações ou revisar algum trabalho ou estudar para alguma prova etc. Caso nada tenha neste sentido, melhor será o hábito da leitura, sobretudo da literatura brasileira. Conheça com seu filho as bibliotecas locais e os títulos oferecidos. Certamente, será de grande proveito!
O jovem, sobretudo crianças e adolescentes gostam quando os pais lhes cobram algo, denotam interesse e participam do seu cotidiano, se mostram presentes no seu dia a dia, inclusive no escolar. Parece paradoxal, eis que ao mesmo tempo requerem regras, limites e responsabilidades. 

Como pode perceber, muito se tem para fazer neste sentido. O horário escolar não será suficiente para a completa interação do seu filho com o mundo cada vez mais competitivo e desigual. O compromisso deve ser igual, contudo, em papeis diferenciados. E aqui nem se discutiu os casos dos com necessidades especiais em razão das incapacidades ou inclusões.

Sem ajuda dos pais e/ou responsáveis, certamente, professores, mestres, monitores, não preenchem todas as lacunas ensejadas. Afinal, educação é responsabilidade de todos. Contribua, participe, a causa é nobre.
Faça à sua parte,
Educação pronuncia-se com a responsabilidade de todos!