segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Sincericídio!?

O mal da sinceridade em excesso - Içara News
Fonte: Google
   
Somos ensinados ou mesmos educados, ao longo da vida, que devemos ser sinceros, falar sempre a verdade, não cometer os denominados "pecados", e aqui nenhuma ilação quanto aos méritos, especificidades ou justificações reais e/ou causais. Todavia, as consequências são inevitáveis quando, muito provavelmente, em razão da lavra discutida ou própria titulação e autor,  seja pelos riscos de nortear-se por atitudes sinceras, potencial e verdadeiramente como um  "homicida" - ou seria "suicida"?

Vale lembrar que a palavra-título é um neologismo, ou seja, a junção de duas  palavras (sinceridade + homicídio = sincericidio) na construção de uma terceira.  O homicídio pelo excesso de sinceridade. Resultado esse de muitos indivíduos serem preteridos ou postergados de algo ou de alguém em relação ao grupo ao  qual pertença ou não.

E, sob esta ótica, não se pode desprezar as questões idiossincráticas e culturais, cujos valores trafegam entre escolhas ou inversões de valores, verdades ou mentiras como satisfação de ideologias, logicamente numa seara onde se distanciam das dominantes.

Assim,  tem-se em regra, crianças sendo observadas como criaturas simples, puras, ingênuas, e que falam sempre a verdade, logo, sendo as mais sinceras em seus posicionamentos acerca de algo ou mesmo quando questionadas. Comum é a expressão: "Criança não mente", ou seja, a criança é a própria representação da pureza e inocência.

E, então, a pergunta: Estaria ela, cometendo um ato homicida ou suicida? Certamente, não! O que não as tornam razoáveis e tão "puras" quando adultas, eis que algumas mudam de atitude pela ação ou omissão para serem, supostamente, aceitas pelo grupo social em detrimento das condições apresentadas por ambos.

O grande norte-americano Martin Luther King afirmava: "Para se criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa". Estaria o líder ativista político estadunidense ratificando, pela sua frase, o que se constata na dialética social? Estaria o homem omitindo a verdade, estrategicamente?  Bem, certamente induz-nos a reflexão!

Desta forma, é muito provável que o profissional,  e pelo qual tornou-se até caricato, seja chamado de "chato" por defender o seu ponto de vista pautado pela sinceridade. Aliás, objeto inclusive de um quadro humorístico da televisão, "o super-sincero", mas que ganhou conotação piegas, senão,  uma crítica bem humorada ao comportamento em sua generalidade.

Em recente entrevista, o então publicitário argentino Pablo Nobel,  e escritor de livro-título, reafirmou: “Eu pratico sincericídio isso quase que diariamente. Quando você fala a verdade, está respeitando o outro”. Nascido em Buenos Aires, Pablo está no Brasil há 33 anos. Constante alvo de piadas, ele disse que sofre muito preconceito por aqui e está pensando em lançar o movimento “adote um argentino” ou “leve um argentino para casa”.

Outro exemplo ilustrativo é o caso da blogueira cubana Yoani Sánchez e a singular recepção dispensada a esta quando em recente visita ao Brasil, mais especificadamente iniciada na Bahia, Pernambuco e São Paulo, cerceada pelas severas críticas desta ao governo e regime cubano - leia-se, o de Fidel Castro e seu irmão-sucessor Raúl Castro.

Cediço é, pois, maior análise e reflexão sobre a história de Cuba - único país latino-americano que defende o Socialismo como forma de governo, mas que se mostra sobretudo vitimizado pelo bloqueio econômico norte-americano a justificar suas mazelas.

Nota-se que mesmo o Brasil, cuja Social Democracia, e princípios,  baliza o sistema e seus métodos, sequer, teria concedido aquela blogueira o amplo direito da liberdade de expressão, ou mesmo a livre manifestação da opinião e pensamento, garantidos pela Constituição Federal. Obviamente, pela intolerância de alguns grupos contrários e/ou reacionários ao seu posicionamento e/ou visão ideológica.

Nesta perspectiva, tem-se também as várias inferências culturais e, portanto, outras visões acerca das formas, regras, costumes tradições de um povo. E, ao confrontá-las, tem-se o outro como obsoleto, antiquado, retrógrado, chato. E isso tornou-se latente, sobretudo de um continente em relação a outro.

E muitos ariscariam pelo histórico, e diriam: "Herança colonial". Será? Isso faz-nos repensar acerca da assertiva. Quando se fala a verdade, prioriza-se sobretudo o autorrespeito. Cria-se ou recria-se na sociedade aquilo que se idealiza ou deseja.

Neste diapasão, tem-se as piadas, críticas, discordâncias de uns sobre outros - do português aos argentinos, ou do brasileiro em outros territórios  e acolhida de uns em relação a outros. E muitos diriam: "Malditos latinos!"

O certo é, pois, buscar-se o equilíbrio, respeito, disputa saudável as diversidades, inclusive nas de opiniões e atitudes diante da vida, sob pena de se resvalar em clima de animosidade, real beligerância, intolerância e/ou violência desnecessária diante do semelhante.

Afinal, o importante é ser verdadeiro e sincero naquilo que se acredita, não importando em quais circunstâncias, manifestamente resguardando o bom-senso de causa e efeito, mas sempre em defesa da contribuição, participação e construção do diálogo na busca das soluções, evolução e crescimento de todos.

E, então, qual o seu parecer sobre o assunto?

Opine!!! 

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