O deslinde girou em torno de uma das questões de prova em que o professor, utilizando-se da letra de um gênero musical (Funk), teria dado conotação diversa "em tese" da "politicamente" esperada. A questão trazia fragmentos da letra funk como possíveis respostas que daria sentido/complemento ao pensamento filosófico em análise. Do mesmo modo, conferido a funkeira (Valesca Popozuda) o título de "grande pensadora contemporânea".
Para o professor de Filosofia (A. Kubitscheck) que elaborou a prova, a atitude não teve a intenção de provocar discussões sobre métodos educacionais, mas a atuação da imprensa, e se ela daria destaque às atividades escolares em seus vários momentos, seja estes positivos ou negativos. "Tivemos um debate eu sala de aula sobre a formação moral, a formação dos alunos, e veio a discussão de como a imprensa participa desses valores que vão surgindo. Isso gerou polêmica, e resolvi testar. Há 15 dias tivemos uma exposição fotográfica com fotos tiradas pelos alunos, e a imprensa não veio participar. Resolvi então colocar na minha prova uma questão que gerasse polêmica e chegasse na rede social, que ai, em algum momento, um órgão da imprensa iria pegar", relata. A grande repercussão sobre o assunto demonstrou que "estamos diante de uma imprensa sensacionalista, pouco ou quase nada interessada com a boa formação do indivíduo", complementa.
Indagações e pontos de vista eclodiram como verdadeiro bombardeio na mídia e imprensa brasileira - sabe-se lá até de outras - a tamanha repercussão. Pessoas a favor, outras contras, especialistas e pedagogos. Pais que não vislumbram ou desconhecem seus filhos aprendendo assuntos "inúteis" na escola - quiçá, o que aprendem fora dela - críticas diversas e adversas. Alunos dispersos, tampouco, compreendendo as razões, reações, reflexões... Muitos até alegam desconhecê-las! É, funk e funkeira! E o sistema educacional conclama, em regra, seus professores a trabalharem "Textos e Contextos", interdisciplinarizando-os a realidade do aluno.
Na mesma expectativa, tem-se os concursos públicos, vestibulares das faculdades e universidades no país explorando textos em seus certames, intelectuais, pensadores e pensamentos filosóficos, estrofes e/ou fragmentos vários, selecionando candidatos, pretensos e/ou futuros profissionais. Há bem pouco tempo, objeto de avaliação e teste, um determinado concurso cobrou o nome de um certo "Rei do Camarote"! Como!? A questão também foi polemizada. Outra, o nome verdadeiro de dupla sertaneja de raiz. Mas, alguém ergueu a bandeira e disparou: "Tudo bem, mas e o título concedido a funkeira"? Como assim? A pergunta que não quer calar: Por que não? Seriam "Pensadores" os déspotas esclarecidos, iluministas, europeus revolucionários e seus seguidores, estudados na História Geral? Então, sob esta ótica, a educação ficaria engessada. O conhecimento, restrito, limitado.
A Filosofia, pela complexidade e amplitude dos conceitos, e matriz curricular destinada ao ensino-aprendizagem, tem por mola mestra a provocação e a reflexão. E outro, "mais entendido", insiste: "Mas, ele poderia estender o assunto em sala de aula sem explorar na prova" ou "Não foi conveniente para ele". Como assim? Certamente, academia e prova estão intrínsecas, e, portanto, apropriadas à produção do conhecimento. No passado, restritos pelo pouco acesso da população à informação e cerceamento pelo sistema vigente (Antigo Regime/Absolutismo).
A sala de aula reflete a vivência, convivência e experiências do individuo em comunidade, não cabendo ao profissional da educação pública ou privada fazer inferências e distinções particularizadas/privadas. A vontade e a mudança não pode ser manipulada. Para ele, cabe apenas administrá-las pedagogicamente e em conformidade com as leis.
Hodiernamente, a academia carece trabalhar temas diversos, abrangentes, atuais, bem como a muldisciplinaridade, interdisciplinaridade, contextualização. Afinal, a Era da Globalização já se instalou e quando o aluno chega à escola já viu, ouviu ou experimentou de tudo ou pelo menos de muita coisa, e, em alguns casos, até já oportunizou algumas escolhas. Cabe ao professor mediar pedagogicamente entre o clássico e o extravagante.
Ora, num Estado Democrático de direito em que se privilegia a liberdade de pensamento e de expressão, não cabe fazer acepções, diferenciações ou distinções de qualquer natureza, já que os jovens têm acesso a tudo. E, no caso em baila, não há mais espaço para preconceitos, discriminações de qualquer espécie (gênero, pessoa ou classe social). Contudo, a sociedade só demonstra quão conservadora e hipócrita ainda continua, não aceitando sequer analogia e diversidade do conhecimento eis que certamente não estranharia se lá, na questão, contivesse algo de Platão, Sócrates, Aristóteles, Michel Foucault ou mesmo clássicos da música popular brasileira.
Aliás, neste sentido, a resposta da funkeira veio de imediato, com a ironia de quem sabe o que diz - ou pelo menos sabedoria de vida - para surpresa de muitos que negaram-lhe o título de pensadora contemporânea: [...] "Vou ali um ler Machado de Assis e ir treinando pra quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite", finalizou. Pela resposta, uma coisa é certa: ela tem percepção contextual. Isso, ninguém pode negar-lhe!
O objetivo foi alcançado. O diagnóstico e o remédio, prescritos. A cura ou a letalidade só o tempo demonstrará. Num país, onde a Educação não é priorizada ou mesmo outros mais elementares direitos, constitucionalmente consagrados, não se poderia esperar muito. A provocação do pensamento reflexivo torna-se de fundamental importância. A resposta esperada pelo professor não poderia ser diferente, e ele sabe disso, afinal, ainda falta muito para todos, porém, a Escola e professores pelo papel que desempenham em sociedade, assim como qualquer pessoa que produz conhecimentos merecem, no mínimo, o respeito de todos.
Há espaço para todos, por mais esdrúxulo que possa parecer. E como tão bem conceituou o filósofo francês, 1596/1650, René Descartes, "Penso, logo existo".
Fica a dica!
Para o professor de Filosofia (A. Kubitscheck) que elaborou a prova, a atitude não teve a intenção de provocar discussões sobre métodos educacionais, mas a atuação da imprensa, e se ela daria destaque às atividades escolares em seus vários momentos, seja estes positivos ou negativos. "Tivemos um debate eu sala de aula sobre a formação moral, a formação dos alunos, e veio a discussão de como a imprensa participa desses valores que vão surgindo. Isso gerou polêmica, e resolvi testar. Há 15 dias tivemos uma exposição fotográfica com fotos tiradas pelos alunos, e a imprensa não veio participar. Resolvi então colocar na minha prova uma questão que gerasse polêmica e chegasse na rede social, que ai, em algum momento, um órgão da imprensa iria pegar", relata. A grande repercussão sobre o assunto demonstrou que "estamos diante de uma imprensa sensacionalista, pouco ou quase nada interessada com a boa formação do indivíduo", complementa.
Indagações e pontos de vista eclodiram como verdadeiro bombardeio na mídia e imprensa brasileira - sabe-se lá até de outras - a tamanha repercussão. Pessoas a favor, outras contras, especialistas e pedagogos. Pais que não vislumbram ou desconhecem seus filhos aprendendo assuntos "inúteis" na escola - quiçá, o que aprendem fora dela - críticas diversas e adversas. Alunos dispersos, tampouco, compreendendo as razões, reações, reflexões... Muitos até alegam desconhecê-las! É, funk e funkeira! E o sistema educacional conclama, em regra, seus professores a trabalharem "Textos e Contextos", interdisciplinarizando-os a realidade do aluno.
Na mesma expectativa, tem-se os concursos públicos, vestibulares das faculdades e universidades no país explorando textos em seus certames, intelectuais, pensadores e pensamentos filosóficos, estrofes e/ou fragmentos vários, selecionando candidatos, pretensos e/ou futuros profissionais. Há bem pouco tempo, objeto de avaliação e teste, um determinado concurso cobrou o nome de um certo "Rei do Camarote"! Como!? A questão também foi polemizada. Outra, o nome verdadeiro de dupla sertaneja de raiz. Mas, alguém ergueu a bandeira e disparou: "Tudo bem, mas e o título concedido a funkeira"? Como assim? A pergunta que não quer calar: Por que não? Seriam "Pensadores" os déspotas esclarecidos, iluministas, europeus revolucionários e seus seguidores, estudados na História Geral? Então, sob esta ótica, a educação ficaria engessada. O conhecimento, restrito, limitado.
A Filosofia, pela complexidade e amplitude dos conceitos, e matriz curricular destinada ao ensino-aprendizagem, tem por mola mestra a provocação e a reflexão. E outro, "mais entendido", insiste: "Mas, ele poderia estender o assunto em sala de aula sem explorar na prova" ou "Não foi conveniente para ele". Como assim? Certamente, academia e prova estão intrínsecas, e, portanto, apropriadas à produção do conhecimento. No passado, restritos pelo pouco acesso da população à informação e cerceamento pelo sistema vigente (Antigo Regime/Absolutismo).
A sala de aula reflete a vivência, convivência e experiências do individuo em comunidade, não cabendo ao profissional da educação pública ou privada fazer inferências e distinções particularizadas/privadas. A vontade e a mudança não pode ser manipulada. Para ele, cabe apenas administrá-las pedagogicamente e em conformidade com as leis.
Aliás, neste sentido, a resposta da funkeira veio de imediato, com a ironia de quem sabe o que diz - ou pelo menos sabedoria de vida - para surpresa de muitos que negaram-lhe o título de pensadora contemporânea: [...] "Vou ali um ler Machado de Assis e ir treinando pra quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite", finalizou. Pela resposta, uma coisa é certa: ela tem percepção contextual. Isso, ninguém pode negar-lhe!
O objetivo foi alcançado. O diagnóstico e o remédio, prescritos. A cura ou a letalidade só o tempo demonstrará. Num país, onde a Educação não é priorizada ou mesmo outros mais elementares direitos, constitucionalmente consagrados, não se poderia esperar muito. A provocação do pensamento reflexivo torna-se de fundamental importância. A resposta esperada pelo professor não poderia ser diferente, e ele sabe disso, afinal, ainda falta muito para todos, porém, a Escola e professores pelo papel que desempenham em sociedade, assim como qualquer pessoa que produz conhecimentos merecem, no mínimo, o respeito de todos.
Há espaço para todos, por mais esdrúxulo que possa parecer. E como tão bem conceituou o filósofo francês, 1596/1650, René Descartes, "Penso, logo existo".
Fica a dica!
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